segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quem sou eu?


Quem sou eu?
 – perguntam-me constantemente –
Que no confinamento da cela
Sereno, alegre e firmemente,
Anda feito um fidalgo no palácio?

Quem sou eu?
 – perguntam-me constantemente –
Que aos carcereiros costuma,
Livre, amistosa e francamente,
Falar como quem comanda?

Quem sou eu?
 – perguntam-me constantemente –
Cujos dias de infortúnio
Impassível, risonho e orgulhosamente,
Suporta, como se acostumado a vencer?

O que dizem de mim eu realmente sou?
Ou sou somente o que eu mesmo sei de mim?
Intranquilo e ansioso e doente, um passarinho enjaulado
A lutar por fôlego, com mãos comprimindo a garganta,
A anelar por cores, flores, o cantar das aves,
A ter sede por palavras de benignidade, de proximidade humana,
A se agitar à espera de acontecimentos grandiosos,
A tremer, em desalento, pelos amigos infindamente distantes.
Cansado e vazio no orar, no pensar, no agir,
Desmaio – disposto a me despedir de tudo?

Quem sou eu? Este ou aquele?
Serei hoje um, outro amanhã?
Ambos serei? Simultaneamente?
Um hipócrita perante os outros,
E diante de mim mesmo, um débil desolado?
Ou há algo em mim que se assemelha ao exercício derrotado
A fugir na desordem da vitória já alcançada?

Quem sou eu?
Zombam de mim, tais solitárias indagações.
Seja quem eu seja, Tu sabes,
Ó, Deus:
Eu sou teu!

Poema de Dietrich Bonhoeffer do livro Bonhoeffer, de Eric Metaxas

"Contrabandista de Deus" por um dia

Olhávamos ao nosso redor e tínhamos a "certeza" de que todos naquele grande navio estavam nos observando.

Os irmãos Freitas em Missão de risco e honra através do futebol 
Era verão de 1989. Estávamos atravessando o Estreito de Gibraltar da Europa para o Norte da África. Jamais imaginávamos que dia especial seria aquele que marcaria o resto de nossas vidas.

Esta era uma das primeiras viagens de uma equipe brasileira utilizando o futebol como instrumento de Missão. Uma parceria rara, infelizmente, da Igreja brasileira representada por Atletas de Cristo, Operação Mobilização Brasil e AC LEVAE - Levando o Evangelho Através do Esporte.

Equipe principal de futsal em amistoso em Algeciras, Espanha.
Éramos dezesseis jovens futebolistas cristãos reunidos de varias partes do Brasil e mais cinco integrantes de apoio. Depois de algumas semanas de treinamento e alguns amistosos no Sul da Espanha partimos então para aquele que seria nosso maior desafio na África islâmica.

Lembro bem que o medo era real e quase palpável entre nós. Todos aqueles olhos sobre nós, era simplesmente de apavorar. Afinal, estávamos em alto mar e éramos os poucos ocidentais de uma grande tripulação. Todas aquelas vestimentas “estranhas” e olhares nos fizeram sentir um certo “frio no estômago” que só aumentava com o passar das horas na embarcação.

Como bons brasileiros tentamos driblar a ansiedade e o temor cantando. Infeliz ideia, pois a situação só piorou. Chamamos mais atenção (e suspeita, aos nossos olhos, claro!). 

Mas, o pior ainda estaria por vir. Chegamos no porto de Tanger. Era o momento decisivo. Tínhamos em nossos corpos (dentro das meias, cintura e ombros) e malas muitos novos testamentos e outras literaturas cristãs para serem distribuídas aos cristãos do país. Fomos informados (na verdade, amedrontados) dos riscos se fôssemos descobertos: longos interrogatórios, expulsão ou prisão, quem sabe?!?

Todos as pessoas do navio foram rapidamente liberadas. Mas por algum motivo fomos retidos na alfândega. E a ansiedade só aumentava. Decidimos, mais uma vez disfarçar jogando “um bobinho”, fazendo “embaixadinhas” com a bola enquanto esperávamos nosso líder tentar resolver a situação.

Para aumentar a pressão, os novos testamentos, que também foram  acomodados no corpo começaram a nos incomodar por causa dos movimentos e, principalmente da demora ali. Alguns dos atletas mais experientes do time começavam a perder a paciência e a estampar o medo em sua face (de fato, orando como nunca oraram na vida!).

Em muitas nações, irmãos aguardam a ação da Igreja Livre
Passados alguns minutos, que pareceram uma eternidade, Deus nos enviou socorro e o problema com a imigração de um dos nossos jogadores foi resolvido. Por ser cidadão português, ele necessitava de visto e dai todo time retido até que fosse dado o visto ao garoto Zé, o “juvenil” do time.

Ao passar pela imigração, as malas foram revistadas, e pela graça de Deus, e o fato de sermos futebolistas brasileiros, os fiscais não fizeram questão de revistar minuciosamente. Passamos e logo que entramos no trem, com destino a capital do país, o alivio geral. Ufa!!! De fato, sentimos na pele e por algumas horas, o que o Irmão André fez a vida toda dando origem ao movimento de amor da Igreja Livre para a Igreja Perseguida encarnada hoje a Missão Portas Abertas. 

Lembro que enfrentarmos e vencemos vários times e até empatamos com a seleção sub-23 do país (contarei noutra oportunidade), mas sem dúvidas, nossa maior vitória foi ouvir de um pastor local que muitos crentes, que não podem se reunir ou cultuar publicamente, esperaram por anos pela Palavra de Deus em sua própria língua que acabávamos de trazer.

Estou certo de que esta foi uma daquelas vitórias que só descortinaremos por completo na eternidade!


sábado, 28 de abril de 2012

SEIS desafios para uma vida de ORAÇÃO




“E muito mais fácil reformar (construir) o lado de fora do que o lado de dentro. Ir a igreja certa e dizer as palavras certas e muito mais fácil que desenvolver uma vida de justiça e amor entre pessoas com quem você trabalha e vive. Aparecer no culto uma vez por semana e dizer um ‘amém’ forte e muito mais fácil que se engajar numa vida diária de oração e meditação das Escrituras que desemboque em preocupação com a pobreza e a injustiça, com a fome e a guerra.” 
Eugene Peterson.


A Escola de Oração deste ano culminou com um desafio principal (pelo Pr. Ricardo LaFountain): “Aquietai-vos...” Sl. 46.10. Isto é, o silêncio que coloca toda nossa atenção em Deus. O Senhor em primeiro lugar!

Na prática, como incluir a disciplina da oração em nossa rotina diária? Segue abaixo seis comprovadas dicas cultivadas por ele e sua comunidade ao longo de muitos anos na jornada:

1. Aprenda a permanecer em silêncio e a sós com Deus uma hora por dia.

2. Em cada semana dedique um período de algumas horas (3 ou 4) de sossego na companhia de Deus.

3. A cada mês separe um dia (6 a 10 horas) de meditação e oração.

4. A cada três meses separe um fim de semana (30 a 48 horas) dedicados a buscar a presença manifesta em silêncio e meditação nas Escrituras.

5. A cada ano ofereça uma semana em retiro pessoal de oração e em revisão de planos e propósitos de vida.

6. E, finalmente, a cada sete anos, ofereça um ano sabático dedicado a renovação mais profunda de sua vida de oração, meditação e vocação em Cristo.   

Como os primeiros discípulos, persista caminhando pela vida com a mais simples e profunda suplica: “Senhor, me ensine a orar hoje!”

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A melhor CONSTRUÇÃO


Trabalho duro com grande alegria!

“... Vocês estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual... por meio de Jesus Cristo.” 
I Pedro 2.5

Nestes últimos três meses estamos empenhados na construção do SALÃO DE CULTOS. No início de março compartilhei com você uma maravilhosa resposta de nossas orações juntos.

Na Palavra e Oração -"Sem. rompendo com passado"




Uma FAMÍLIA da igreja nos adiantou os recursos para terminarmos a construção até junho e por isso já estamos na fase da cobertura. Deus é realmente maravilhoso, aleluia!

Páscoa: A Mensagem da ressurreição anunciada!   
Treinamento de professores de crianças








Com muita alegria, pagamos a primeira das 24 parcelas mensais que nos comprometemos. Louvado seja o nosso grande SENHOR, o Dono e Edificador da Sua igreja! (Mt. 16:18).

Peço que continue ORANDO por nós!

À "Mesa": estamos em obras sim!


LOUVE ao Senhor por esta generosa família e outros que como VOCÊ aceitam hoje o desafio de “Construir Juntos”;

Escola de Oração: "Ensina-nos a orar".
       







Ore pela PROTEÇÃO e força à liderança da igreja, nosso irmão João Santana e a equipe que estão à frente da obra;



Mais um pastor consagrado em 2012








Peça pelos RECURSOS necessários (próximos 23 meses) para esta jornada de OBEDIÊNCIA e fé.

Dentro de algumas semanas já teremos telhado. Aleluia!!!


Também peço que persevere DOANDO para o louvor de nosso Deus e amor ao Seu reino – Igreja Aliança Cristã e Missionária do Aeroporto (CNPJ: 64711401/0001-32) Ag. 451-0 (Bradesco) C/C 56718-3.
Oração e comunhão através dos Pequenos Grupos.







Na alegria do valioso CHAMADO para ser “pedras vivas” na especial construção que glorifica CRISTO e abençoa as nações,


Pr. Zé  

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pudim de pão com quiabo


Vamos por partes. Na semana passada comi um pudim de pão depois de anos. Uma amiga da igreja me presenteou com a guloseima caseira feita por ela. E que delícia!

Depois do primeiro pedaço vieram as lembranças. Era carnaval de 1979. Eu participava de meu primeiro acampamento de jovens, embora ainda fosse “dos adolescentes”.

Estava maravilhado com a nova fase. Era quase um sonho estar ali no sítio do “seu” Pedro com os jovens da igreja. Mal sabia eu que aquele seria de fato um fim de semana pra eternizar na memória.

Lembro-me que no meio da tarde foi servido um pudim de pão feito por “dona” Enedir. Uma iguaria que não fazia parte do vasto e incomparável cardápio de minha mãe. Experimentei, e simplesmente adorei!

Jogamos futebol. Tomamos banho na cachoeira. Jantamos juntos e seguimos direto pro tempo de reflexão. Depois de algumas canções, ouvi uma mensagem que mudou algo profundamente dentro de mim.

Não há como explicar, mas depois daquela simples oração, no sábado de carnaval, meu jeito de ver e viver a vida jamais seria o mesmo. Até hoje, quando como pudim de pão, logo aquele dia vem em minha imaginação; E me pergunto, terá sido a oração ou o pudim de pão?

Mas, afinal, e o quiabo, o que tem haver com a história? Tudo. Era algum tempo em 1967. A igreja presbiteriana havia convidado um preletor especial para sua conferência evangelística daquele ano.

E o tal “reverendo” logo cativou seus ouvintes. Bom contador de história que era, emendou a sua experiência de não gostar (na verdade, detestar) de quiabo. Até que foi desafiado pelo “reverendo” local a experimentar o quiabo feito por sua esposa Iracy. Ele garantia: “incomparável, você precisa experimentar!”. E não é que ele gostou mesmo!

E naquela noite um pai de família, intrigado com a fé de sua filha, estaria ali justamente pra ouvir a tal “história dos crentes”. Mas foi cativado mesmo pela bem humorada história do pregador.

E não deu outra. No meio da história do Evangelho (ou do quiabo, não sei), o tal reverendo emendou: “Se você diz hoje que não gosta de Cristo, mas não experimentou seu amor, não vá fazer como eu”.

E, ao fazer o convite, lá estava o “seu” Zé de Freitas (meu pai), que mesmo com seu sapato sem uma parte da sola, foi até a frente arrastando o pé pra finalmente orar e experimentar o amor de Cristo pela primeira vez.

Mais uma vez volto a perguntar, será a oração ou o quiabo da “dona” Iracy? Não sei.


Afinal, de quem serão os créditos do mensageiro do Evangelho ou da culinária de certas prendadas e abençoadas mulheres do Reino?

Um dia saberemos, com certeza! 

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