Por ter ousado
pregar a Cristo como verdadeiro rei e não César, Paulo estava na prisão,
possivelmente em Roma, e se deparava com a perspectiva real de execução
(1.13-14, 21). Sua carta começa com uma oração de grande alegria pelo fato de
que os filipenses não o ignoraram ou abandonaram seu apóstolo aprisionado, mas
permaneceram solidários com ele.
Esta solidariedade
é descrita no grego como “koinonia”, a palavra que frequentemente é traduzida
por “comunhão” ou “parceria”. A comunhão que os crentes de Filipos tiveram com
Paulo não foi uma xícara de chá após o culto ou uma noite agradável de estudo
bíblico. Os filipenses e Paulo eram juntos, participantes da graça de Deus por
meio de Jesus Cristo (Fp. 1.7). À semelhança de Paulo, eles estavam aguardando
o dia de Cristo, quando por sua morte e ressurreição, eles seriam puros e
inculpáveis, cheios do fruto de justiça (1.9-11; 3.8-10). Deus começara uma boa
obra neles e levaria até o fim (1.6).
Esse foi o
evangelho que os filipenses ouviram e, pela graça de Deus, creram. Era o
evangelho que falava sobre um Cristo sofredor que morreu e ressuscitou para
trazer justiça e salvação para seu povo (3.7-9).
Aceitar este evangelho significa estar disposto a sofrer como o próprio Cristo.
Permanecer ao lado do evangelho e sofrer por Cristo, afirma Paulo, é um dom da
graça de Deus (1.7, 29).
Assim ele instou
os cristão comuns residentes em Filipos a permanecerem firmes em sua parceria
no evangelho em face a hostilidade e perseguição. Vivendo de uma maneira digna
do próprio evangelho (1.27-30), como parceiros no sofrimento, parceiros na
“defesa e confirmação do evangelho”, parceiros de Paulo e uns dos outros.
Essa é a razão
porque a unidade é tão importante na congregação e porque reclamar, murmurar e
discordar é totalmente inapropriado. A maravilhosa passagem sobre a humildade
de Cristo, centrada em outros (capítulo 2) era, no contexto, uma chamada a que
os filipenses se despissem de motivos egoístas e rivalidades tolas para lutarem
juntos pela causa do evangelho, brilhando como faróis na sociedade corrupta que
os rodeava (2.14-16). Além de Jesus, Paulo mencionou Timóteo e Epafrodito como
dois exemplos notáveis que os filipenses deveriam imitar (2.20-26)
A parceria no
evangelho é a vida cristã normal. Não há duas classes de cristãos – os
cooperadores e os espectadores. Estamos todos unidos e servindo no evangelho.
Vivendo como cidadãos do céu no meio de uma geração corrupta, labutando,
proclamando, enfrentando o conflito, a luta e a perseguição que seguem
inevitavelmente esse “servir ao Senhor com alegria” ao oramos (1.19), apoiarmos
financeiramente (4.14-19) ou sofrermos oposição seja de fora ou até de dentro
(3.17-4.1).
Em filipenses
aprendemos que estamos juntos no evangelho. Somos parceiros em um grande
empreendimento: a missão do evangelho de Cristo! Não importa o que aconteça,
vamos lutar juntos pelo avanço do evangelho.
Paulo era um líder
servo fiel. Um exemplo na luta pelo evangelho. Líderes, pastores e presbíteros
são chamados hoje a ensinar, advertir, repreender e encorajar. Serem mestres e modelos
provendo as condições sob as quais os demais parceiros no evangelho podem
também realizar a obra de videira – falando dedicadamente a verdade de Deus aos
outros.
Portanto, em um
nível muito profundo, todo cristão é um parceiro do evangelho. Não há status ou
categorias diferentes de cristãos, nem tarefas fundamentalmente diferentes ou
especiais – como se alguns líderes fossem os verdadeiros “atores” e o resto da
congregação fossem espectadores ou equipe de apoio. Todo cristão é chamado ao
evangelho; O que implica que todos nós somos servos, trabalhadores da videira com
a alegria e responsabilidade servir juntos para o avanço do evangelho hoje como
fizeram os filipenses em seu tempo.
Pr. Zé
Adaptado do livro “A
Treliça e a Videira” (capítulo 5: “Culpa e Graça”, pág. 69-76).