quinta-feira, 20 de junho de 2013

Protestos e Justiça



Na Avenida Paulista, esquina com a Rua Pamplona, em cima de uma pequena mureta, eu vi um povo cansado da corrupção, clamando por justiça.

Na sua maioria, eram jovens e pareciam sem muito compromisso com a vida, no entanto, capazes de sonhar com dias melhores.

Ali no meio daquela imensa multidão, me emocionei. Senti arrepios no corpo em vários momentos... Os gritos de desabafo brotavam do fundo da alma e era mesmo contagiante!

Temos que nos posicionar. Podemos errar, é verdade, mas se omitir jamais! É preciso tentar, quantas vezes for preciso. Desistir jamais!

Que pena que a fome e sede de justiça de muitos destes jovens, jamais será totalmente satisfeita. Mas, que bom que n’Ele (Cristo) toda fome, toda sede, toda miséria da alma, um dia será saciada com sobras.


Escrevi estas palavras em minha agenda no dia 25 de Agosto de 1992. Era meu último ano da faculdade de Educação Física. Um ano crucial para meu futuro. Muita coisa mudava em minha vida. Muitas dúvidas, muitos anseios e oportunidades.

A minha leitura daquele dia foi o início do chamado “Sermão do Monte” em Mateus capítulo 5. O cristão está chamado a ser (luz do mundo, sal da terra), a revelar o caráter (sendo um bem-aventurado) do Rei Jesus e o Seu reino.

Naquele dia o movimento era outro (Movimento pela Ética na Política), mas o anseio parece o mesmo destes dias. Era manifestação popular contra a corrupção e uma pressão direta ao Congresso Nacional a favor do impeachment do presidente Fernando Collor.

As manifestações cresciam em todo país com a aproximação da votação do relatório final da CPI. E, naquela manhã do dia 25, lá estava eu saindo a Rua Galvão Bueno, subindo a Vergueiro e chegando até aquele ponto da Av. Paulista.

Falou-se de cerca de 400 mil jovens nas ruas de São Paulo naquela manhã de terça-feira e outros milhares em todo Brasil.

Eu me lembro, e também está registrado em minha velha agenda... Dois dias depois eu estava na casa do Pr. Mike e Ruth na companhia da minha amiga Glaucia (e, era só isso mesmo naquela época...) ensaiando para uma apresentação especial na nossa igreja.

Na sexta daquela semana tivemos a “Koinonia” (PG) jovem na casa da minha mãe. No sábado trabalhei normalmente no clube, e no domingo, após o trabalho, eu integrava o ministério de louvor onde meu amigo Claudinei dirigia e o Pr. Davi Peters pregava sobre “A esperança da nossa vocação”.

Em outras palavras, a minha vida seguiu. A marca daquela manhã de Agosto foi importante, mas não mais do que outras experiências na companhia dos amigos da igreja naquele fim de semana.

No fim daquele ano eu me formei. O Presidente da República deixou o governo. Mas infelizmente, as mudanças que se seguiram em nosso país não foram na proporção da esperança (minha e de muitos brasileiros). Sim, foi um momento histórico e de grandes implicações práticas para a democracia e justiça em nosso país, mas certamente insuficiente para satisfazer o anseio do coração de milhares de jovens que, no fundo da alma, clamam sem saber, pela verdadeira justiça que só o Rei e o Seu Reino pode de fato trazer ao ser humano.

É tempo de sair às ruas e protestar pacificamente (e educadamente no Facebook, Twitter, etc.) sim. Mas não nos iludamos trocando a agendo do Reino e do Rei por qualquer outra agenda humana e menor.

É tempo de orar pelo país sim (e muito!). Chorar pela nossa nação e por nossos jovens. É tempo de plantar hoje um futuro de verdadeira esperança. Sim, agora é a hora do “Reino de Deus em nós” e através de nós cooperando de verdade para uma sociedade mais justa e democrática para glória de Deus e benção de nosso país e das nações!

Um ano depois dos eventos de Agosto de 1992. Eu aceitei o desafio-privilégio de ser pastor de jovens na Igreja Aliança enquanto dividia meu tempo trabalhando com preparação física numa academia. Abracei de todo coração a vocação de preparar vidas para um futuro melhor. Seguramente, uma das mais importantes e estratégicas decisões que tomei para que o Reino de Deus e Sua agenda florescessem em mim e através de mim ainda hoje.


Carta do Pr. Zé

Junho, 2013 

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