sábado, 29 de maio de 2021

A Última ESTAÇÃO


Não há quem tenha crido em Deus e no reino de Deus, não há quem tenha ouvido falar do reino do ressuscitado que não sinta, a partir daí, imensa saudade do lar, a espera jubilosa pela libertação da existência corporal.

Se somos jovens ou velhos, pouco importa. O que são vinte ou trinta anos aos olhos de Deus? E qual de nós sabe quão perto se possa estar do alvo?

A vida só começa realmente quando termina aqui na terra, tudo que está aqui é somente o prelúdio antes de a cortina se fechar – isso serve tanto para jovens quanto para velhos. Por que temos tanto medo de pensar na morte? [ ... ]

A morte só é assustadora para quem vive assustado e com medo dela. A morte não é selvagem e terrível, desde que nos mantenhamos calmos e nos agarremos à Palavra de Deus.

A morte não é amarga, caso não nos tornemos amargos. A morte é graça, a maior dádiva da graça que Deus presenteia às pessoas que creem nele.

A morte é suave, a morte é doce e branda; a morte nos acena com poder celestial, desde que percebamos que ela é o portão de nossa terra natal, o tabernáculo da alegria, o reino eterno da paz.

Como sabemos que morrer é algo tão terrível? Quem sabe se, em nosso medo e angústia humana, estamos apenas estremecendo diante do acontecimento mais glorioso, celestial e abençoado do mundo?

Se a nossa fé não a transformar, a morte é o inferno, é a noite e o frio. Mas justamente isto que é maravilhoso, o fato de podermos transformar a morte. [1]

[ ... ] Morte, vem tu, maior das festas na jornada para a liberdade eterna;

Morte, destrói as correntes onerosas, as muralhas do corpo temporal, as muralhas da nossa alma que vagueia cega, a fim de que vejamos o que aqui nos é negado ver.

Liberdade, há quanto te buscamos em disciplina, ação e sofrimento;

Morrendo, agora te comtemplamos, revelada na face do Senhor. [2]

Conhecemos [no poema e sermão acima] o conceito de Bonhoeffer da morte COMO A ÚLTIMA ESTAÇÃO DA ESTRADA PARA A LIBERDADE. [3]

 

 

 

[1] Sermão pregado por Bonhoeffer quando pastoreava em Londres; Dietrich Bonhoeffer Words, p. 331.

[2] Poema “Estações no caminho para a liberdade”, Letters and Papers from Prision, p. 370-372.  

[3] Eric Metaxas,”Bonhoeffer - Pastor, Mártir, Profeta, Espião”, p. 571.    

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