Paulo professou que havia aprendido a ficar satisfeito com
os bens terrenos que havia recebido. Isto é diferente de estar satisfeito com as suas realizações espirituais. Com elas, ele declarou
especificamente que não estava satisfeito:
“Irmãos,
quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é
que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão
diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus.” Fp. 3.13-14
A satisfação com os bens materiais é o sinal de um santo; a satisfação com a nossa condição espiritual é
um sinal de cegueira interior.
Um dos
maiores temores do cristão deve ser a complacência religiosa. O homem que crê
que chegou ao ponto máximo não irá mais longe; a partir de seu ponto
de vista fazer isso seria tolice. A armadilha é crer que já chegamos, quando
ainda não o fizemos. O hábito elegante atual de citar um texto para provar que
já chegamos pode ser perigoso, se na verdade, não tivemos nenhuma experiência
interior com o texto. A verdade é que
não é vivenciada não é melhor que o erro e poder ser igualmente perigosa.
Os escribas que ocuparam o lugar de Moisés foram vítimas de sua incapacidade de
vivenciar a verdade que ensinavam.
A complacência religiosa é encontrada praticamente em todos
os lugares entre os cristãos da atualidade, e a sua presença é um sinal e uma
profecia. Pois cada cristão se tornará,
no final, aquilo que seus desejos fizerem dele. Nós somos a soma de nossas
fomes. Os grandes santos tiveram corações sedentos. O coração deles foi: “A minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” Sl.
42.2. O seu anseio por Deus quase os consumia; eles os impulsionavam, à frente e para cima, a alturas às quais cristãos
menos ardentes olham com olhos lânguidos, sem esperança de alcançar.
O
cristianismo ortodoxo decaiu à sua condição inferior atual pela falta de desejo
espiritual. Entre muitos que professam a fé cristã, pouquíssimos revelam alguma sede apaixonada
por Deus. A prática de muitos de nossos conselheiros espirituais é usar as
Escrituras para desencorajar esse pequeno anseio que pode ser descoberto, aqui
e ali, entre nós. Nós tememos os
extremos, e evitamos o excesso de ardor da religião, como se fosse possível ter
amor demais, ou fé demais ou santidade demais.
AW Tozer, The Root of
the Righteous
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