domingo, 15 de maio de 2016

Fome de quê? | Por AW Tozer


Paulo professou que havia aprendido a ficar satisfeito com os bens terrenos que havia recebido. Isto é diferente de estar satisfeito com as suas realizações espirituais. Com elas, ele declarou especificamente que não estava satisfeito:

“Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Fp. 3.13-14

A satisfação com os bens materiais é o sinal de um santo; a satisfação com a nossa condição espiritual é um sinal de cegueira interior.

Um dos maiores temores do cristão deve ser a complacência religiosa. O homem que crê que chegou ao ponto máximo não irá mais longe; a partir de seu ponto de vista fazer isso seria tolice. A armadilha é crer que já chegamos, quando ainda não o fizemos. O hábito elegante atual de citar um texto para provar que já chegamos pode ser perigoso, se na verdade, não tivemos nenhuma experiência interior com o texto. A verdade é que não é vivenciada não é melhor que o erro e poder ser igualmente perigosa. Os escribas que ocuparam o lugar de Moisés foram vítimas de sua incapacidade de vivenciar a verdade que ensinavam.

A complacência religiosa é encontrada praticamente em todos os lugares entre os cristãos da atualidade, e a sua presença é um sinal e uma profecia. Pois cada cristão se tornará, no final, aquilo que seus desejos fizerem dele. Nós somos a soma de nossas fomes. Os grandes santos tiveram corações sedentos. O coração deles foi: A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” Sl. 42.2. O seu anseio por Deus quase os consumia; eles os impulsionavam, à frente e para cima, a alturas às quais cristãos menos ardentes olham com olhos lânguidos, sem esperança de alcançar.

O cristianismo ortodoxo decaiu à sua condição inferior atual pela falta de desejo espiritual. Entre muitos que professam a fé cristã, pouquíssimos revelam alguma sede apaixonada por Deus. A prática de muitos de nossos conselheiros espirituais é usar as Escrituras para desencorajar esse pequeno anseio que pode ser descoberto, aqui e ali, entre nós. Nós tememos os extremos, e evitamos o excesso de ardor da religião, como se fosse possível ter amor demais, ou fé demais ou santidade demais.


AW Tozer, The Root of the Righteous

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