Pentecostes
é uma das festas regulares dos israelitas, comemorada há milhares de anos.
Para participar dessa festa, celebrada 50 dias após a Páscoa, gente de todas
as partes viajava para Jerusalém. Com o passar dos séculos ela tornou-se
internacional, atraindo devotos de muitos povos e regiões diferentes. Foi
numa dessas ocasiões, exatamente durante a celebração da Festa de
Pentecostes, que ocorreu uma manifestação divina especial, em cumprimento à
promessa de derramar o Espírito, como água viva sobre a terra seca, tendo em
vista abençoar muitas raças e nações diferentes. Naquela oportunidade o
Evangelho foi espalhado para muitos povos! Assim, também a igreja de Cristo celebra
o Pentecostes, o que acabamos de fazer neste último domingo, às portas da
abertura da Copa do Mundo de Futebol.
Em nossos
dias, a Copa do Mundo também tem o poder de reunir diferentes nações,
concentrando multidões, em geral num país, para uma celebração que tem a
intenção de estimular a paz e o convívio respeitoso entre pessoas e
povos.
O mundo ama futebol; e os brasileiros, então, o têm em alta consideração. Futebol faz o nosso país vibrar e é uma espécie de metalinguagem nacional, onde estão representados sentimentos, expectativas, angústias, dramas e lutas da nação. O brasileiro raramente é indiferente ao futebol e menos ainda diante da realização da Copa do Mundo em nosso território. As emoções sobem e se transfiguram em paixão. Mas, desta vez, estamos mais cientes de que a realidade do nosso país vai muito além da emoção dos jogos, das alegrias das vitórias ou tristezas por eventuais derrotas. Hoje a consciência está mais amadurecida e temos compreensão de que a construção de uma sociedade justa e igualitária extrapola os campos e as partidas de um campeonato mundial de futebol. A magia do futebol não enfeitiça a nação diante dos desafios que temos! Torcemos para a seleção balançar as redes, reconhecendo que alguns não o façam, mas torcemos mais ainda pelo Brasil. Esperamos que o Brasil seja campeão em campo e também fora do campo. Sabemos que o Brasil tem suas virtudes e problemas, como qualquer nação, e estamos desenvolvendo uma avaliação cada vez mais nítida da situação nacional. Mas não nos envergonhamos do nosso país, nem do nosso povo, apesar das questões ainda não resolvidas e da conturbada preparação deste Mundial. Não precisamos nos sentir inferiores por causa dos problemas que ainda temos para equacionar e afirmamos a nossa identidade fugindo da arrogância. O que esperamos é que o Brasil vá muito além da organização de uma Copa do Mundo e invista, cada vez mais, para melhorar a educação, a saúde e a segurança da população. Quando houver mais justiça social, menos corrupção, uma classe política mais qualificada e melhor distribuição de renda, então iremos cantar o Hino Nacional juntos com mais força ainda! Somos um povo acolhedor e nos alegramos em receber os visitantes de outros países. Os estrangeiros são bem vindos ao nosso país e esperamos que experimentem algo da boa alegria brasiliana e que conheçam as belezas naturais e os magníficos sabores do Brasil, mas sem envolver-se de modo nenhum na exploração sexual de crianças e adolescentes. O Brasil não é destino de turismo sexual! Não aceitamos que esta festa, que nos está custando tão caro, seja usada para fins escusos como o turismo sexual e a exploração de menores, nem que este momento festivo seja usado para fins que dificultem a vida da população e venham a destruir o patrimônio nacional. Queremos que esta festa seja marcada pelo bom convívio e respeito para com todos, sejam estrangeiros ou brasileiros. Amamos o Brasil como nação, igualmente reconhecida e constituída sob a benção dos céus, entre centenas de outras nações. Milhares de brasileiros são voluntários para cooperar com a organização do evento e outros milhares ajudarão espontaneamente aos estrangeiros e turistas. Mais do que oferecer uma festa e compartilhar a alegria momentânea da Copa do Mundo, porém, desejamos repartir os valores que identificam a nossa nação. Oramos que o Evangelho alcance e abençoe os milhares de visitantes que vierem ao nosso país e que estes levem de volta na bagagem ótimas lembranças do Brasil, mas, especialmente, a Paz permanente nos seus corações, para espalhá-la entre os seus povos, assim como ocorreu no Pentecostes dois mil anos atrás. Esperamos que a ocasião da Copa do Mundo sirva como plataforma de encontro e congraçamento dos povos da Terra, mas também para o Brasil dar um passo e crescer como nação. Oramos, pois, pela nossa nação, pelo seu povo e seus governantes, neste momento tão especial para todos nós. Oramos pelas nossas crianças e pelos desfavorecidos, para que sejam protegidos e experimentem segurança durante este período. E oramos que as diferentes iniciativas de tantas de nossas igrejas para estes dias tenham a marca do Evangelho e levem muitos a celebrar a vida nova em Jesus Cristo. |
quarta-feira, 11 de junho de 2014
O Pentecostes, o Brasil e a Copa
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