“Então o Senhor fez com que um grande peixe engolisse Jonas, e ele ficou dentro do peixe três dias e três noites. Lá de dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, ao seu Deus” (Jn. 1.17; 2.1)
A crise global dos nossos dias é sanitária, econômica, política, mas é também relacional e vocacional.
Jonas é um profeta, mas, um
profeta que se esqueceu de orar. Infelizmente, muitos pastores, líderes e cristãos
estão fazendo como ele: “... se levantou,
mas para fugir da presença do Senhor, para Társis... para longe da presença do
Senhor” (Jn. 1.3).
Jonas sequer questionou ou protestou,
simplesmente se calou, deixou a conversa, e ao contrário do esperado, distanciou-se
da missão e dos planos divinos que em sua prepotência presumia conhecer.
Porém, o mar, a tempestade, o
grande peixe, sobretudo, os marinheiros pagãos tornaram-se a primeira etapa da escola de oração
do profeta: “Então (os marinheiros) clamaram
ao Senhor e disseram: — Ah! Senhor! Rogamos-te que não nos deixes perecer por
causa da vida deste homem, e não faças cair sobre nós este sangue inocente.
Porque tu, Senhor, fizeste o que foi do teu agrado. Em seguida, os marinheiros
pegaram Jonas e o lançaram no mar; e a fúria do mar se acalmou. Então esses
homens temeram muito o Senhor; ofereceram sacrifícios ao Senhor e fizeram votos”
(Jn. 1.14-16).
Nada havia dado certo nas
escolhas de Jonas. Só confusão, tempestades e muito stress. Jonas chega então ao
literal “fundo do poço” (do fundo do navio ao fundo do mar). E neste confinamento
forçado (um lugar apertado, úmido e mal cheiroso – como Davi na caverna) ele
reaprende a orar. Ele redescobre o caminho da presença manifesta do Deus
Soberano. E, ainda que neste “cenáculo” improvável, ele se lembra do livro de
oração do seu povo, os Salmos, e então recomeça a orar recitando os Salmos.
O capítulo 2 de Jonas registra
o surpreendente e fervoroso clamor do
profeta tratado no seu orgulho e no seu pecado de falta de oração: “Na minha angústia, clamei ao Senhor,
e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu ouviste a minha voz”
(Jn. 2.2).
Este fundo do poço era o
oposto do que Jonas havia planejado, mas é a introdução do profeta ao
confinamento (askesis) um tempo e lugar de concentração e desenvolvimento. Nas
palavras de Eugene Peterson: “Uma interferência calculada e deliberada nesta
cobiça pelo divino, nesta presunção de ser Deus”.
Em nossa caminhada askesis
pode chegar até você na forma de um desemprego, uma doença, um divórcio ou luto,
ou mesmo uma grande mudança. E, Peterson concluí: “Nenhum destes atos de limitação e confinamento, produz em si próprio,
uma vida mais abundante e autêntica, mas eles oferecem as condições que a tornam
possível... Askesis é uma imersão num ambiente onde nossas capacidades são
reduzidas a nada ou quase nada e ficamos a mercê de Deus para que Ele possa
moldar Sua vontade em nós”.
Jonas volta a orar, mas o seu
quebrantamento é apenas o começo de algo grande e maravilhoso que o Deus de
compaixão e amor está para realizar.
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