quarta-feira, 3 de junho de 2020

ASKESIS - O nosso chamado à oração


 

“Então o Senhor fez com que um grande peixe engolisse Jonas, e ele ficou dentro do peixe três dias e três noites. Lá de dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, ao seu Deus” (Jn. 1.17; 2.1)

A crise global dos nossos dias é sanitária, econômica, política, mas é também relacional e vocacional.

Jonas é um profeta, mas, um profeta que se esqueceu de orar. Infelizmente, muitos pastores, líderes e cristãos estão fazendo como ele: “... se levantou, mas para fugir da presença do Senhor, para Társis... para longe da presença do Senhor” (Jn. 1.3).

Jonas sequer questionou ou protestou, simplesmente se calou, deixou a conversa, e ao contrário do esperado, distanciou-se da missão e dos planos divinos que em sua prepotência presumia conhecer.   

Porém, o mar, a tempestade, o grande peixe, sobretudo, os marinheiros pagãos tornaram-se a primeira etapa da escola de oração do profeta: “Então (os marinheiros) clamaram ao Senhor e disseram: — Ah! Senhor! Rogamos-te que não nos deixes perecer por causa da vida deste homem, e não faças cair sobre nós este sangue inocente. Porque tu, Senhor, fizeste o que foi do teu agrado. Em seguida, os marinheiros pegaram Jonas e o lançaram no mar; e a fúria do mar se acalmou. Então esses homens temeram muito o Senhor; ofereceram sacrifícios ao Senhor e fizeram votos” (Jn. 1.14-16).

Nada havia dado certo nas escolhas de Jonas. Só confusão, tempestades e muito stress. Jonas chega então ao literal “fundo do poço” (do fundo do navio ao fundo do mar). E neste confinamento forçado (um lugar apertado, úmido e mal cheiroso – como Davi na caverna) ele reaprende a orar. Ele redescobre o caminho da presença manifesta do Deus Soberano. E, ainda que neste “cenáculo” improvável, ele se lembra do livro de oração do seu povo, os Salmos, e então recomeça a orar recitando os Salmos.

O capítulo 2 de Jonas registra o surpreendente e fervoroso clamor  do profeta tratado no seu orgulho e no seu pecado de falta de oração: “Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu ouviste a minha voz” (Jn. 2.2).

Este fundo do poço era o oposto do que Jonas havia planejado, mas é a introdução do profeta ao confinamento (askesis) um tempo e lugar de concentração e desenvolvimento. Nas palavras de Eugene Peterson: “Uma interferência calculada e deliberada nesta cobiça pelo divino, nesta presunção de ser Deus”.  

Em nossa caminhada askesis pode chegar até você na forma de um desemprego, uma doença, um divórcio ou luto, ou mesmo uma grande mudança. E, Peterson concluí: “Nenhum destes atos de limitação e confinamento, produz em si próprio, uma vida mais abundante e autêntica, mas eles oferecem as condições que a tornam possível... Askesis é uma imersão num ambiente onde nossas capacidades são reduzidas a nada ou quase nada e ficamos a mercê de Deus para que Ele possa moldar Sua vontade em nós”.  

Jonas volta a orar, mas o seu quebrantamento é apenas o começo de algo grande e maravilhoso que o Deus de compaixão e amor está para realizar.  


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