quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A Transformação que mudou a História - Os Cinco Ensinos da REFORMA PROTESTANTE



Mesmo como professor universitário, Lutero ainda lutava com o temível Deus de sua infância. Noite após noite, enquanto Wittenberg dormia, ele continuava sentado à pesada mesa de madeira na torre do Claustro Negro, o mosteiro onde vivia. À sua frente, a luz de uma vela tremeluzia ao lado das páginas de uma Bíblia desgastada pelo tempo. “Deus, como posso conhecer-te?”, sussurrava ele na escuridão. “Como posso amar-te?”

“Ah”, parecia ouvir uma voz zombando dele, “para que você está orando? Veja bem como tudo está quieto ao seu redor. Você imagina que Deus ouve suas orações e presta atenção a um pecador como você?”

Os olhos de Lutero fitavam a vela, depois caiam sobre a página do livro dos Salmos que estava preparando para a palestra da manhã seguinte. De repente, uma frase saltou diante dele: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”

Não foi este o clamor de Cristo na cruz? O que podia isso significar? Podia significar que Jesus, o Filho de Deus, sentiu-se também uma vez abandonado por Deus? Tinha Jesus sofrido tormento e abandono? Foi por causa do pecado? Não. Jesus não tinha pecado. Por que então? Lutero estava curioso.

A resposta caiu como relâmpago na alma escura de Lutero: Jesus havia tomado sobre si os sofrimentos dos pecadores! Na cruz, Ele tinha levado consigo os pecados do mundo!

Uma pesada carga caiu da mente de Lutero. Num instante, o fardo de pecado e condenação foi retirado. Um sorriso perpassou nas sombras de seu rosto quando ele se voltou para as palavras da carta de Paulo aos Romanos, as quais o intrigavam há muito tempo: “O justo viverá por fé”.

Essas palavras o fizeram tremer de medo no passado, porque ele estava longe de ser justo. Agora, à luz do Calvário, Lutero compreendeu que Jesus tinha sofrido o castigo por seu pecado, de modo que ele podia receber a justiça de Jesus como um dom gratuito. Deus havia declarado justo e sem pecado em Jesus. Crer em Deus por isso era viver por fé!

Naquela noite, na torre do claustro em Wittenberg, Lutero sentiu-se em paz porque sabia que um Deus que dá seu próprio Filho como sacrifício pelo pecado não é um Deus irado, mas amoroso. Lutero tinha encontrado o lírio da graça.

Anos mais tarde, em 1527, quando a peste negra atingiu Wittenberg, Lutero ficou muito doente. Deprimido, escreveu a seu amigo, Filipe Melancton: “Passei mais de uma semana diante da morte e do inferno. Completamente abandonado por Cristo, lutei com a depressão e a blasfêmia contra Deus. Mas, por meio das orações dos santos, Deus começou a ter misericórdia de mim e puxou a minha alma do inferno.”

No início de sua depressão, Lutero escreveu e musicou o poderoso hino “Castelo Forte”, sobre a fidelidade de Deus:

Castelo Forte é o nosso Deus,
Baluarte que nunca falha;
Nosso ajudador...
Não temeremos, pois Deus deseja
Que sua verdade triunfe por nosso intermédio.
O príncipe das trevas é inflexível –
Não trememos por causa dele;
Podemos suportar seu furor,
Porque, eis que sua ruína é certa.
Uma pequena palavra o abaterá.

Texto do livro: “Martinho Lutero – O monge alemão que mudou a igreja”, Capítulo “A escura noite da alma” (por Ben Alex, pág. 26, 27, 46). 

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